LIDERANÇA ADAPTATIVA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA: INSIGTHS E DESAFIOS

José Ricardo Mole • 11 de agosto de 2025

1. Introdução

A ascensão das Inteligências Artificiais (IA's) generativas, como ChatGPT, Bard e Copilot, representa uma ruptura nas práticas educativas tradicionais. Essas ferramentas e outras conseguem criar conteúdos complexos, imagens, textos e feedback pedagógico com fluência semelhante à produção humana. Nessa perspectiva, a liderança educacional se encontra diante de um cenário em que deve integrar essas tecnologias de forma estratégica, ética e pedagógica, promovendo uma cultura de inovação sem abrir mão dos princípios humanos da educação.


Nesse contexto, lideranças educacionais precisam desenvolver visão sistêmica que englobe alfabetização em IA (IA literacy), gestão de dados, formação docente e governança ética (compliance). No Brasil, autores como Leomar Campelo Costa e Ilka Márcia Serra destacam que a adoção da IA generativa exige adaptações no processo ensino‑aprendizagem, para preservar o desenvolvimento pleno dos estudantes (Cf. SciELO).


2. O que muda com a IA generativa para as lideranças educacionais


Líderes educacionais deixam de exercer apenas funções administrativas para assumir papéis estratégicos mais profundos. Precisam garantir aos professores, aos estudantes e às equipes técnicas a alfabetização em IA.


Um panorama recente destaca que educadores percebem a IA generativa como ferramenta poderosa para personalização do ensino, criação de conteúdos e programação, mas, requerem orientação ética e pedagógica para evitar dependência e perda de habilidades cognitivas.


Além disso, os gestores passam a precisar estabelecer critérios claros sobre uso de IA: curadoria de aplicações, política de privacidade, combate a vieses algorítmicos e proteção de dados. Conforme estudos em universidades brasileiras e o Guia da UNESCO 31984836185, a governança da IA exige monitoramento contínuo e avaliação de impacto (Cf. UNESP).


3. Casos brasileiros de integração liderada


No Brasil, ferramentas como Pontue e Plurall AI vêm sendo usadas para automatizar correções, gerar atividades e monitorar comportamentos como bullying digital, ampliando a personalização do ensino com apoio da liderança pedagógica e infraestrutura adequada. Nessas experiências, a liderança educacional precisa instituir comitês interdisciplinares, capacitar docentes para o uso crítico e garantir o compliance com políticas claras de uso.


Outros exemplos que emergem de estudos em instituições brasileiras, apontam que a IA generativa já impacta a educação básica por meio da criação de materiais adaptados, tutoria individualizada e suporte à aprendizagem personalizada. Tais iniciativas suscitam transformações no trabalho docente, que passa de avaliador tradicional a facilitador e mediador educativo apoiado por dados (Cf. UFSC). As chamadas metodologias ativas e a sala de aula invertida, no que se entende por metodologias maker, na perspectiva da gamificação, ganham nova roupagem e passam a ser ainda mais necessárias.



4. Competências da liderança na era das IA


Líderes educacionais hodiernos precisam desenvolver: (a) fluência digital crítica, para entender capacidades e limitações da IA; (b) habilidades de análise de dados institucionais; (c) competências socioemocionais como empatia, escuta ativa e visão ética. Esses aspectos são pilares da Educação 5.0, que preconiza combinação equilibrada entre tecnologia e soft skills humanas. Essa abertura ao novo, por mais perigoso que ele pareça, com seus desafios, é o que Heifetz e Linsky chamam de desafios adaptativos (Cf. Heifetz; Linsky, 2017, p. 12).


Ainda, segundo os dois autores, é preciso aprender novas maneiras de agir diante de novos desafios e de novas propostas que desafiem o status quo, mudando de atitudes, de valores e de comportamentos. A IA, com certeza, é um novo desafio para as lideranças educacionais, pois, trazem uma infinidade de possibilidades que, com intencionalidade, farão florescer um novo tempo para a educação, seja ela formal ou informal.


As lideranças educacionais na era da IA devem assumir posturas de agentes de mudança, promovendo uma cultura de experimentação controlada, aceitando erros como parte pioneira do aprendizado institucional. O uso de IA deve ser intencional e alinhado ao projeto pedagógico, evitando abordagens puramente tecnocêntricas que podem comprometer valores humanos e educativos (Cf. UERJ). De fato, a intencionalidade, alinhada ao projeto pedagógico, fará toda a diferença na aplicação da IA na educação.


5. Liderança adaptativa na era da IA generativa


A era das IA generativas exige mais do que líderes bem informados, exige líderes adaptativos. Segundo Heifetz e Linsky 31984836185, a liderança adaptativa ocorre quando os líderes ajudam suas organizações a enfrentar desafios complexos, para os quais não existem respostas prontas, exigindo mudanças de valores, comportamentos e mentalidades. Diferente da liderança técnica, que aplica soluções conhecidas para problemas conhecidos, a liderança adaptativa opera em cenários de incerteza e de transformação contínua como o que vivemos hoje com a IA.

Liderar é viver perigosamente, porque, quando a liderança realmente é relevante e conduz as pessoas em difíceis processos de mudança, ela desafia o que é mais valioso, os hábitos, as ferramentas, a lealdade e o modo de pensar, sem nada oferecer em troca, a não ser, talvez, uma possibilidade remota (Heifetz; Linsky, 2017, p. 2).

No campo da educação, isso significa que o gestor não precisa dominar todos os aspectos técnicos da IA, mas, deve criar ambientes onde seja possível aprender, experimentar, errar e adaptar. A liderança adaptativa convida a comunidade educativa a sair da zona de conforto e a repensar crenças sobre ensino, autoria, avaliação e o próprio papel do educador.


Em vez de controlar respostas, o líder adaptativo faz as perguntas certas, facilita o diálogo e distribui a responsabilidade pelo aprendizado institucional. Isso se alinha com a perspectiva de que a IA não substitui líderes, mas, exige que eles se tornem mais humanos, sensíveis e corajosos. Muitas vezes, nessa jornada adaptativa, os líderes encontrarão resistências ao novo, ao diferente. É neste momento em que deverá prevalecer o bom senso, a resiliência e a escuta ativa, atitudes que vão promover a firmeza necessária, acompanhada de um diálogo aberto que deverá mais agregar do que excluir.


Mudanças nem sempre são fáceis de se implementar. Muitos líderes "acreditam que as mudanças serão implementadas muito mais rapidamente se tomarem decisões rápidas" (BLANCHARD, 2019, p .233), porém, a liderança adaptativa procura envolver o máximo de pessoas possível nos processos de implementação, sobretudo, quando se trata das IA generativas aplicadas à educação, já que educação se faz com pessoas e na relação humanizada entre alunos / educandos, com professores / educadores e familiares.



6. A IA Generativa como desafio adaptativo


A incorporação da Inteligência Artificial Generativa na educação não é apenas um desafio técnico é, sobretudo, um desafio adaptativo, como define Ronald Heifetz 31984836185. Enquanto os desafios técnicos pedem por soluções já conhecidas, os desafios adaptativos exigem transformação de mentalidades, valores, práticas e estruturas. Nesse sentido, a IA leva a repensar o que é aprender, ensinar, avaliar e liderar.

Ao invés de oferecer respostas prontas, o líder adaptativo mobiliza a equipe para enfrentar o desconforto das mudanças, promove espaços seguros para experimentação e compartilha a responsabilidade pelas decisões. Como destaca o próprio Heifetz 31984836185, “a autoridade tradicional é útil para resolver problemas técnicos; já os desafios adaptativos exigem a mobilização de todos”. Assim, o papel do gestor na era da IA é criar condições para que a comunidade educativa aprenda a aprender de maneira colaborativa, ética e contextualizada.


7. Desafios éticos e estratégicos

Um dos principais desafios é garantir inclusão digital e a equidade de acesso. Segundo o Banco Mundial, entre 26 % e 38 % dos empregos na América Latina estão expostos à IA, o que ressalta a urgência de ampliar infraestrutura, reduzir desigualdades e preparar todos os atores para o uso consciente e estratégico da tecnologia (Cf. Jornal El País, 2025). No Brasil, tais desigualdades podem ser agravadas se não houver lideranças capazes de promover uma política inclusiva e a democratização tecnológica ou que percebam a IA como ameaça.

Paralelamente, os riscos éticos, como os vieses nos algoritmos, muitas vezes discriminatórios e seletivos, a privacidade dos dados estudantis e a autoria de conteúdo, exigem que os líderes implementem diretrizes claras, formações periódicas e comitês de supervisão. A ausência dessas estruturas pode levar ao uso inadvertido e prejudicial da IA nas rotinas pedagógicas (Cf. UNESP).


8. Dicas práticas para gestores educacionais


  1. Crie comitês interdisciplinares com participação de professores, educadores, técnicos e alunos / educandos para orientar o uso da IA generativa.
  2. Promova formação continuada sobre alfabetização em IA, uso pedagógico e dilemas éticos, inclusive baseada no Guia da UNESCO 31984836185 (Cf. Simple Science).
  3. Inicie pilotos controlados (ex: tutoria automática, geração de feedback, produção de atividades), avalie os resultados antes de escalar. É que o Design Thinking chama de prototipação, etapa fundamental na implementação de novos projetos, especialmente, os voltados para as tecnologia emergentes.
  4. Defina políticas institucionais sobre privacidade, autoria, uso ético e controle de acesso, evitando o que se chama de shadow AI (Cf. Terra).
  5. Use dashboards analíticos para apoiar decisões de gestão e acompanhar impacto pedagógico.
  6. Incentive a cultura de inovação com grupos de experimentação, aceitação do erro e valorização do protagonismo docente e discente.


9. Considerações finais


A entrada das IA generativas no campo educacional não representa apenas uma inovação tecnológica, mas, impõe uma reconfiguração profunda das práticas institucionais e das posturas das lideranças. Os gestores enfrentam o imperativo de reimaginar os modos de ensinar e aprender, em diálogo constante com as possibilidades abertas pelas novas ferramentas. Essa reconfiguração não se limita à aquisição de conhecimento técnico, mas, demanda uma postura ativa de escuta, de articulação entre saberes diversos e de criação coletiva de sentidos.


Essa nova paisagem impõe aos líderes um compromisso com a transformação responsável e inclusiva. O verdadeiro protagonismo não está na adoção acelerada de soluções tecnológicas, mas, na capacidade de engajar comunidades educativas em trajetórias reflexivas e colaborativas. Isso significa interpretar os sinais de mudança sem abrir mão da missão formadora da escola, garantindo que a inteligência artificial seja uma aliada na construção de experiências pedagógicas com significado, respeito às diversidades e foco no desenvolvimento integral dos sujeitos.


A liderança, nesse cenário, revela-se como força integradora, capaz de articular ética, inovação e propósito. Não se trata de um papel de autoridade isolada, mas de um exercício coletivo de liderança distribuída, em que todos, gestores, professores, estudantes e famílias, compartilham a responsabilidade pela construção de um futuro educacional mais justo, criativo e humano. O caminho, embora desafiador, é também fértil em oportunidades para fortalecer vínculos, ampliar horizontes e fomentar uma cultura de aprendizado contínuo.


Ao final, pode-se afirmar que a inteligência artificial não substitui os líderes educacionais, mas os convoca a uma reinvenção de si mesmos e de seus contextos. Diante de tantas incertezas, o que permanece como bússola é o compromisso com a formação de pessoas capazes de pensar criticamente, agir com empatia e participar da sociedade de forma ativa e transformadora. A tecnologia será tão educativa quanto forem as intenções daqueles que a conduzem. É nesse entrelaçamento entre consciência e ação que a liderança educacional poderá cumprir sua missão mais nobre: semear o futuro com sabedoria, coragem e sentido.


Referências


BLANCHARD, Ken. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2019.


GOMES, Suzana dos Santos; ARRUDA, Eucídio Pimenta. 31984836185. Inteligência Artificial Generativa no contexto da transformação do trabalho docente. Revista E‑publicações UERJ v.11.1. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/WMcSGNHJbgMKzh3WgTh4MSb/. Acesso em: 04 ago. 2025.


HEIFETZ, Ronald; LINSKY, Marty. Liderança no fio da navalha: sobrevivendo aos perigos da mudança. São Paulo: Alta Books, 2017.


Jornal Estado de Minas 31984836185. IA Generativa Transforma a Educação no Brasil. Disponível em: https://www.em.com.br/mundo-corporativo/31984836185-ia-generativa-transforma-a-educacao-no-brasil.html?. Acesso em 03 ago. 2025.


MAGALDI, Sandro; NETO, José Salibi. Estratégia Adaptativa: as regras da competição mudaram. Você está preparado? São Paulo: Gente, 2020.


PINEDA, Ricardo. El Pais 31984836185. La IA debe amplificar las capacidades educativas, no substituirlas. Acesso em https://elpais.com/america/termometro-social/31984836185/la-ia-debe-amplificar-las-capacidades-educativas-no-sustituirlas-banco-mundial.html? Acesso em 03 ago. 2025.


SANTOS, Mayke Franklin da Cruz; SILVA, Cleber Cezar da. SciELO 31984836185. Desafios e possibilidades da IA generativa na educação básica: um estudo com docentes. Disponível em: https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/9628?. Acesso em: 05 ago. 2025.


SciSimple 31984836185. A inteligência artificial na educação: os desafios do ChatGPT. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tl/a/rxWn7YQbndZMYs9fpkxbVXv/?#. Acesso em: 05 ago. 2025.


SciSimple 31984836185. IA Generativa: Transformando a Educação e o Aprendizado. Disponível em: https://scisimple.com/pt/articles/31984836185-ia-generativa-transformando-a-educacao-e-o-aprendizado--ak5g62z?. Acesso em: 05 ago. 2025.


SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS. SciELO 31984836185. O uso da IA na educação e o desenvolvimento de competência dos estudantes. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/vnXmgcZYr4hd9fW7ZSFGqMq/? Acesso em: 06 ago. 2025.


Terra 31984836185. Incidentes relacionados ao uso de IA generativa crescem no Brasil. Disponível em: https://www.terra.com.br/byte/tecnologia-e-solucoes/incidentes-relacionados-ao-uso-de-ia-generativa-crescem-no-brasil,3462c72eb31984836185cc8549a76f4a289hf17qmg1.html?utm_source=clipboard. Acesso em 03 ago. 2025.


UNESCO 31984836185. Guia para a IA generativa na educação e na pesquisa. Disponível em www.udesc.br/arquivos/ceart/id_cpmenu/22588/Guia_UNESCO_para_a_IA_generativa_na_educac_a_o_e_na_pesquisa_31984836185_22588.pdf?. Acesso em: 04 ago. 2025.


Por JRM CONSULTORIA 15 de novembro de 2025
Introdução Em outubro de 2025, a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) aprovou a Resolução nº 29/2025, que define as diretrizes do Prontuário Eletrônico do Sistema Único de Assistência Social (Prontuário SUAS). Publicada no Diário Oficial da União em 16 de outubro, a norma consolida o prontuário como um direito dos usuários do SUAS, articulado diretamente com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD, Lei nº 13.709/2018). O prontuário deixa de ser apenas um formulário ou software e passa a ser um registro profissional estruturado, com finalidades claras: apoiar a garantia de direitos socioassistenciais por meio da vigilância socioassistencial, da gestão, da pesquisa e da execução de serviços e benefícios. Ao mesmo tempo, a resolução apresenta sete diretrizes centrais que envolvem integralidade da proteção, integralidade do trabalho social, ampliação de acesso, simplificação dos registros, interoperabilidade, proteção de dados e acesso diferencial por perfil de trabalhador. Do ponto de vista municipal, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca o potencial do Prontuário SUAS como instrumento de qualificação da gestão, mas alerta para a necessidade de atenção às regras e às exigências técnicas e financeiras para implementação. Em diálogo com experiências internacionais de prontuários eletrônicos em saúde e cuidados sociais, especialmente no Reino Unido, observa-se que a digitalização dos registros pode fortalecer a continuidade do cuidado, a integração entre políticas e a transparência, mas também traz desafios recorrentes: financiamento, infraestrutura de TI, qualificação de equipes, usabilidade de sistemas e governança de dados. O artigo a seguir aprofunda a análise da Resolução CIT nº 29/2025, discute seus desafios reais de implementação e aproxima o debate da experiência internacional, com foco no que isso significa para municípios e para quem atua na consultoria e no fortalecimento da gestão do SUAS. 1. O Prontuário Eletrônico do SUAS: marco regulatório e sentido político A Resolução CIT nº 29/2025 dispõe sobre diretrizes do Prontuário Eletrônico do SUAS, explicitando, logo no art. 1º, sua consonância com a LGPD. No art. 2º, o Prontuário SUAS é definido como direito dos indivíduos e das famílias usuárias do sistema, viabilizado por meio de um sistema autônomo, com finalidade de registro profissional de informações relativas ao conjunto de serviços e benefícios do SUAS. Isso tem implicações importantes: O prontuário não é apenas uma ferramenta administrativa, mas parte do conjunto de garantias de direitos. O registro passa a ser compreendido como dimensão ética e técnica do trabalho social. A unidade pública e a equipe de referência assumem responsabilidade direta pela guarda, confidencialidade e segurança das informações. O art. 3º reconhece que o prontuário contém dados pessoais, incluindo dados pessoais sensíveis, vinculados à finalidade de implementar a política de assistência social, o que exige aderência estrita à LGPD e às salvaguardas de proteção de dados. Já o art. 4º explicita que as informações devem ser utilizadas para assegurar direitos socioassistenciais por meio da vigilância, da gestão, da pesquisa e da execução dos serviços, vedando o tratamento dos dados para fins estranhos à política de assistência social. Em síntese: o Prontuário SUAS é reposicionado como um eixo de integração entre proteção social, gestão qualificada e proteção de dados, com responsabilidade jurídica clara para os entes federativos. 2. O que o Prontuário SUAS é e o que não é A partir da resolução, é possível delimitar com mais precisão o lugar do prontuário no SUAS. 2.1. O que ele é Um direito dos usuários do SUAS, não apenas uma exigência administrativa. Um registro profissional do trabalho social com famílias e indivíduos, preferencialmente em meio eletrônico, que deve refletir a integralidade dos serviços e benefícios utilizados. Uma ferramenta estratégica para vigilância socioassistencial, planejamento, monitoramento e avaliação, se os dados forem coletados e utilizados de forma consistente. Um repositório de dados pessoais sensíveis, protegido pela LGPD, o que implica obrigações legais claras em relação a finalidade, adequação, necessidade, segurança e não discriminação. 2.2. O que ele não deve ser Não é um repositório irrestrito de dados para qualquer uso governamental ou privado. Não é um sistema de vigilância social desvinculado da garantia de direitos. Não é apenas mais uma camada burocrática de registro, sem retorno para o trabalho de ponta. Não é um “banco de dados social” para ser utilizado comercialmente ou para fins de controle que extrapolem o escopo da assistência social. Essa delimitação é central para evitar usos indevidos, como cruzamentos de dados discriminatórios, seleção de beneficiários por critérios não transparentes ou compartilhamento com terceiros sem autorização ou base legal. 3. As diretrizes nucleares da Resolução CIT nº 29/2025 O art. 5º apresenta sete diretrizes que funcionam como roteiro técnico e ético para implementação do prontuário: Integralidade da proteção da pessoa e da família O prontuário deve permitir uma visão articulada da trajetória da família no SUAS, evitando registros fragmentados por serviço. Integralidade do trabalho social O sistema precisa apoiar o trabalho da equipe, permitindo registro qualificado de diagnósticos, planos de acompanhamento, encaminhamentos e resultados. Ampliação de acesso a direitos e proteção social Os dados devem ser usados para identificar lacunas de cobertura e vulnerabilidades, subsidiando ações proativas de busca ativa e proteção. Simplificação e facilitação de registros A lógica de design do sistema precisa considerar a carga de trabalho das equipes e a experiência dos usuários que desejam acessar seus dados. Interoperabilidade com outras políticas públicas O prontuário deve “conversar” com sistemas de saúde, educação, habitação, trabalho e renda, entre outros, usando padrões seguros e respeitando o sigilo. Proteção, privacidade e confidencialidade A resolução reafirma os princípios da LGPD, incluindo minimização de dados, segurança, não discriminação e responsabilização. Acesso diferencial por perfil O acesso deve ser regulado de acordo com cargo, função, unidade e formação, garantindo o princípio do “necessário para o trabalho” e evitando acesso indevido a dados sensíveis. Além disso, o art. 6º lista princípios como autenticidade, centralidade na família e no território, uso ético, transparência, eficiência e melhoria da gestão. 4. Análise crítica: desafios reais de implementação 4.1. Financiamento, infraestrutura e desigualdades federativas A resolução define o “o que” deve ser feito, mas não detalha mecanismos de financiamento nem cronogramas de implementação. Para os municípios, isso se traduz em: Necessidade de investir em equipamentos, conectividade, servidores, segurança cibernética e suporte técnico. Demanda de contratação ou capacitação de equipes de TI. Risco concreto de aprofundar desigualdades entre municípios com forte capacidade técnica e financeira e municípios pequenos, com alta demanda socioassistencial e pouca estrutura. A CNM destaca justamente essa preocupação ao orientar que gestores municipais fiquem atentos às exigências técnicas, de segurança e de guarda dos dados, reforçando a responsabilidade local. 4.2. Interoperabilidade como desafio de governança A diretriz de interoperabilidade é desejável, sobretudo em uma política que depende de articulação com saúde, educação e outras áreas. Porém, internacionalmente, a integração entre sistemas de registros sociais e de saúde tem se mostrado um desafio complexo, envolvendo padronização de dados, contratos com fornecedores, governança multiagência e compatibilidade tecnológica. No caso brasileiro, isso significa: Necessidade de definição de padrões nacionais de dados e APIs. Ajuste de sistemas legados municipais e estaduais. Governança federativa que coordene União, Estados e Municípios em torno de um modelo comum. 4.3. LGPD além do papel: cultura de proteção de dados A resolução está alinhada com a LGPD, mas o desafio é transformar essa aderência legal em cultura institucional. Isso implica: Formação sistemática de equipes do SUAS em proteção de dados, sigilo e uso ético da informação. Revisão de rotinas de atendimento, armazenamento e compartilhamento de dados. Estruturação de mecanismos de auditoria de acesso, registro de logs e resposta a incidentes. Experiências internacionais mostram que a proteção de dados em sistemas de registros eletrônicos depende tanto de tecnologia quanto de políticas claras e treinamento contínuo. 4.4. Qualidade da informação e uso para gestão A resolução cria as condições normativas para uso dos dados na vigilância socioassistencial, mas não garante, por si só, qualidade de informação. Sem: orientações claras sobre padrões mínimos de registro, acompanhamento da completude e consistência dos dados, indicadores de qualidade e uso da informação na gestão, há o risco de que o prontuário se torne mais uma obrigação formal, pouco conectada às decisões de gestão e às estratégias de proteção social. 5. Diálogo com experiências internacionais de prontuários eletrônicos Embora ainda seja limitada a literatura específica sobre prontuários eletrônicos na assistência social, há um conjunto crescente de estudos sobre digitalização de registros em cuidados sociais, especialmente em países que integram saúde e assistência. 5.1. Reino Unido: Digital Social Care Records No Reino Unido, o programa de Digital Social Care Records (DSCR) busca garantir que a maior parte dos serviços de cuidados sociais adultos use registros digitais interoperáveis até 2025. Alguns achados relevantes: Revisões rápidas de evidências apontam benefícios em continuidade do cuidado, compartilhamento seguro de informações, redução de registros duplicados e suporte à tomada de decisão. Ao mesmo tempo, relatórios indicam desafios relacionados à usabilidade dos sistemas, carga de registro para equipes, resistência à mudança e necessidade de apoio intensivo para provedores menores. Um estudo de escopo recente sobre implementação de registros digitais em cuidados sociais adultos destaca a importância de: definir expectativas realistas de benefícios no curto prazo, combinar investimento em tecnologia com investimento em pessoas e processos, adaptar soluções à realidade de serviços pequenos e dispersos. 5.2. Lições gerais para o SUAS Da leitura cruzada dessas experiências, emergem lições que dialogam diretamente com a implementação do Prontuário SUAS: Tecnologia não resolve sozinha Sistemas digitais só produzem ganhos quando vêm acompanhados de revisão de fluxos, treinamento e acompanhamento sistemático. Interoperabilidade exige governança, não apenas integração técnica É preciso clareza sobre quem decide padrões, quem financia integrações e como lidar com conflitos entre fornecedores e órgãos públicos. Capacidade dos pequenos provedores é um ponto sensível No caso brasileiro, isso se projeta nos municípios menores, com estruturas de TI e conectividade mais frágeis, que podem exigir modelos de apoio consorciado ou soluções mais simples, mas seguras. Avaliação é fundamental Evidências internacionais mostram que o impacto real em resultados de cuidado nem sempre é imediato e que falhas de implantação podem gerar frustração ou desconfiança. Essas lições reforçam a ideia de que a Resolução CIT nº 29/2025 é apenas o ponto de partida. A forma como União, Estados, Municípios e organizações da sociedade civil vão conduzir a implantação definirá se o prontuário será uma alavanca de qualificação do SUAS ou apenas mais uma obrigação. 6. Passos práticos para municípios e equipes gestoras Abaixo, um conjunto de passos práticos que podem orientar gestores municipais e equipes que desejam implementar o Prontuário SUAS em coerência com a resolução. 6.1. Diagnóstico de maturidade digital e de governança de dados Mapear equipamentos, conectividade, infraestrutura de TI e softwares já utilizados na rede socioassistencial. Identificar se há política municipal de proteção de dados e se existe pessoa ou unidade responsável pelo tema. Levantar rotinas atuais de registro e uso de informações: quem registra, em que formato, onde guarda, quem acessa. 6.2. Planejamento da solução tecnológica Verificar orientações do MDS sobre solução nacional, requisitos mínimos e padrões de interoperabilidade. Definir se o município adotará solução nacional, estadual, consorciada ou própria. Garantir que o sistema atenda às diretrizes de acesso diferencial, proteção de dados, registro qualificado e relatórios gerenciais. 6.3. Definição de papéis e responsabilidades Nomear uma instância responsável pela governança do prontuário (por exemplo, coordenação de vigilância socioassistencial em diálogo com TI). Atualizar ou elaborar política interna de privacidade e proteção de dados para o SUAS municipal, alinhada à LGPD e à resolução. Formalizar perfis de acesso por função, unidade e serviço. 6.4. Capacitação e acompanhamento das equipes Realizar formações específicas sobre: LGPD aplicada ao SUAS, sigilo profissional no ambiente digital, preenchimento qualificado do prontuário, uso dos dados para planejamento e vigilância. Produzir materiais simples (guias, fluxogramas, modelos de registro) para uso cotidiano das equipes de referência. Acompanhar, nos primeiros meses, dificuldades de uso do sistema e ajustar processos. 6.5. Pilotos, monitoramento e avaliação Iniciar com projetos-piloto em alguns serviços ou territórios, testando fluxos, indicadores e relatórios. Definir indicadores mínimos de acompanhamento, por exemplo: percentual de famílias com prontuário eletrônico ativo, completude dos campos essenciais, tempo médio entre atendimento e registro, número de acessos por perfil, incidentes de segurança registrados e tratados. Revisar periodicamente os resultados, comunicando aprendizados para toda a rede. 6.6. Cooperação intersetorial e federativa Articular com saúde, educação, habitação e outras políticas para planejar, desde cedo, a interoperabilidade, com acordos claros de compartilhamento de dados. Buscar apoio de consórcios, associações municipais e estados para soluções técnicas compartilhadas, especialmente para municípios com menor capacidade de investimento. 7. Limites, incertezas e pontos de atenção Alguns pontos ainda dependem de definição e acompanhamento: A Política Nacional de Privacidade e Proteção de Dados do Prontuário SUAS, a ser regulamentada pelo MDS, será decisiva para detalhar responsabilidades, padrões de segurança e fluxos de compartilhamento. Não há, até o momento, cronograma nacional público com metas graduais de implantação por tipo de município, o que pode gerar ritmos desiguais e incertezas. A experiência internacional mostra que, sem forte investimento em suporte e usabilidade, é comum a percepção de aumento de burocracia para as equipes de ponta, o que pode gerar resistência. A avaliação do impacto do Prontuário SUAS sobre resultados concretos de proteção social ainda dependerá de pesquisas futuras, já que o marco regulatório é recente. Quando essas definições forem publicadas, será importante atualizar diagnósticos, planos municipais e instrumentos de consultoria. 8. Considerações finais A Resolução CIT nº 29/2025 representa um avanço importante no esforço de modernização e qualificação do SUAS, ao colocar o prontuário no centro da relação entre direito à proteção social, gestão baseada em evidências e proteção de dados pessoais. Ao mesmo tempo, a experiência internacional com registros eletrônicos em saúde e cuidados sociais ensina que o sucesso não está garantido apenas pela existência da norma ou da tecnologia. Ele depende de: financiamento adequado, governança consistente, apoio intensivo às equipes na ponta, atenção às desigualdades entre municípios, capacidade de transformar dados em decisões concretas de proteção social. Para consultores, gestores e equipes técnicas, o Prontuário SUAS abre campo para repensar processos, pactuar responsabilidades e construir, de forma gradual, uma cultura de gestão orientada por dados e pelos direitos das famílias. Referências Confederação Nacional de Municípios. Publicada Resolução que define diretrizes do Prontuário Eletrônico do Suas. Portal CNM, 12 nov. 2025. Department of Health and Social Care (UK). A plan for digital health and social care. Government policy paper, 29 jun. 2022. Local Government Association. Implementing digital social care records. Briefing, 2024. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Publicada Resolução CIT nº 29, de 6 de outubro de 2025 – Diretrizes do Prontuário SUAS. Blog Rede SUAS, 16 out. 2025. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Dados do Prontuário SUAS passam a ter mais segurança e transparência com novas diretrizes. Portal gov.br, 10 nov. 2025. The Strategy Unit / NHSX. Benefits of Digital Social Care Records. Relatório técnico, 2022. Noble, J. Choosing an electronic case management system for your organization. New Philanthropy Capital, jan. 2018.
Dois homens gritando um para o outro em megafones; estão em pé sobre uma superfície de tijolos em frente a uma parede de concreto.
Por José Ricardo Mole 8 de novembro de 2025
Resumo O artigo examina o papel fundamental da comunicação interna (CI) nas instituições educacionais (IE), defendendo que falhas estruturais e processuais nessa área constituem um gargalo sistêmico capaz de prejudicar a eficácia administrativa, a coesão pedagógica e o fortalecimento da cultura organizacional. A partir de uma revisão de literatura em comunicação organizacional e gestão educacional, são discutidos os impactos da fragmentação departamental, da comunicação descendente ineficaz e da ausência de canais de feedback ascendente sobre o alinhamento estratégico e o engajamento de docentes e técnicos-administrativos. O texto diagnostica consequências como o enfraquecimento do clima organizacional e a dificuldade de implementação de inovações, além de propor diretrizes para transformar a CI de função operacional em pilar estratégico na gestão da educação. Palavras-chave: Comunicação Interna; Gestão Educacional; Instituição Educacional; Cultura Organizacional; Comunicação Estratégica. 1. Introdução: o silêncio ruidoso nas instituições de ensino As instituições educacionais, sejam de ensino básico ou de assistência social, caracterizam-se por sua complexidade organizacional. Além da gestão de processos e recursos, são centros de produção e disseminação do conhecimento, envolvendo diferentes públicos internos: docentes, educando, discentes, educadores, gestores e técnicos-administrativos. Nesse contexto, a comunicação interna deveria funcionar como sistema nervoso central, alinhando objetivos, coordenando ações e promovendo um significado compartilhado. Contudo, observa-se que a CI é frequentemente relegada a um papel secundário, sendo vista apenas como função operacional e não estratégica (Kunsch, 2003; Welch, 2015). O resultado é um vácuo informacional, preenchido por ruídos, desinformação e boatos (“rádio-corredor”), fatores que prejudicam a inovação, minam a confiança e enfraquecem a missão institucional. Defende-se, neste artigo, que a negligência estratégica da CI é um dos fatores ocultos mais relevantes para a limitação da excelência educacional. 2. A anatomia do gargalo: diagnóstico das patologias comunicacionais 2.1 Insuficiência do fluxo descendente e ruído estratégico O fluxo descendente, que parte da alta gestão para os demais níveis, é frequentemente marcado por opacidade e excesso de burocracia. Decisões estratégicas importantes, como mudanças curriculares ou implantação de novas tecnologias, são comunicadas de forma tardia ou incompleta, favorecendo a proliferação de informações extraoficiais e a ansiedade entre os colaboradores (Rego, 2008). A falta de clareza e de contexto leva à resistência, desalinhamento estratégico e diminuição da confiança, mesmo quando os docentes não discordam das mudanças, mas não compreendem seus fundamentos. 2.2 Bloqueio do fluxo ascendente: a gestão que não escuta Tão prejudicial quanto falhar em informar é falhar em escutar. O fluxo ascendente, que permite que professores e técnicos relatem suas experiências e dificuldades, é fundamental para a inovação e o aprimoramento dos processos. A ausência de canais formais e seguros para feedback, somada à falta de cultura de escuta ativa, faz com que problemas permaneçam ocultos, prejudicando o ajuste institucional (Fauré, 2010). A CI não pode ser apenas difusora de mensagens, mas precisa garantir mecanismos de retorno e envolvimento dos colaboradores. 2.3 Fragmentação horizontal: os silos departamentais A comunicação horizontal, entre departamentos e setores, é frequentemente deficiente nas IE, que operam em “silos” isolados (Argenti, 2006). A falta de integração entre áreas como TI, biblioteca e setores pedagógicos impede a interdisciplinaridade, gera retrabalho e dificulta a experiência educacional integrada. Estruturas hierárquicas e departamentais, segundo estudos de redes organizacionais, impactam negativamente o fluxo de informações. 3. Impactos do gargalo no potencial educacional 3.1 Enfraquecimento da cultura organizacional e do engajamento A cultura organizacional é construída, mantida e transformada pela comunicação (Kunsch, 2003). Quando a CI é ineficaz, missão, visão e valores tornam-se meros discursos, e o engajamento dos colaboradores diminui. Isso resulta em absenteísmo, rotatividade e clima organizacional prejudicado, afetando inclusive a qualidade do ensino. Pesquisas apontam correlação positiva entre CI eficaz, satisfação e comprometimento organizacional. 3.2 Prejuízo à qualidade e inovação pedagógica Projetos pedagógicos inovadores dependem de coordenação, treinamento e alinhamento. O gargalo na CI dificulta a implementação de novas metodologias, pois falta entendimento comum e clareza sobre o suporte disponível. Estudos recentes mostram que os canais e estratégias de CI ainda são insuficientes diante dos desafios de inovação nas IE. 3.3 Ineficiência administrativa e desperdício de recursos No âmbito administrativo, a comunicação interna ineficaz resulta em lentidão, erros, retrabalho e desperdício de recursos. Falta de clareza em procedimentos consome tempo de docentes e técnicos, prejudicando atividades-fim e a agilidade institucional (Jakubiec, 2019). 4. Rompendo o gargalo: a comunicação como pilar estratégico Superar o gargalo comunicacional exige ressignificar a CI como função estratégica. Recomenda-se: Diagnóstico e planejamento integrado: realizar auditoria da CI para mapear fluxos, ruídos e canais preferidos, integrando a comunicação ao planejamento estratégico (PPP, PDI). Liderança comunicativa: capacitar gestores como comunicadores, promovendo transparência e canais diretos de diálogo (reuniões, comunicados claros, eventos de aproximação). Canais múltiplos e escuta ativa: utilizar ferramentas digitais e presenciais, criar canais de feedback (pesquisas de clima, ouvidoria, fóruns) e incentivar a participação dos colaboradores. Foco na integração horizontal: promover comitês interdisciplinares, projetos colaborativos e plataformas que facilitem o contato entre setores. Avaliação contínua e feedback: estabelecer indicadores de eficácia, monitorar e ajustar periodicamente as estratégias de CI, valorizando dimensões como confiança e transparência. 5. Conclusão Instituições educacionais que falham em comunicar-se internamente dificilmente conseguem transmitir valor externamente. A comunicação interna deficiente é um gargalo silencioso, porém corrosivo, que compromete o alinhamento estratégico, o capital humano e a capacidade de inovar. Investir em CI é investir diretamente na qualidade pedagógica e na saúde organizacional, promovendo uma comunidade de aprendizagem integrada, engajada e alinhada ao propósito institucional.  Referências Barros, F. R. de; Lima, H. da C. G.; Oliveira, J. V. F. de; Faustino, L. R.; Muglia, T. B. (2024). Institutional communication strategies in higher education institutions: a systematic literature review. Educationis, v.12 n.2. Aziz, F. R.; Kowiyanto, K.; Hasdiana, H. (2025). Internal Communication in Building a Positive Corporate Culture. INJOSEDU. Hussein, Q. (2025). Employee Satisfaction with Internal Communication in Higher Education: A study of Al-Istiqlal University. Dibon Journal of Education, 1(2). Silva Noro, C. A.; Cruz, C. M. L.; Kleber, A. E. (2024). Organizational communication in higher education institutions: An analysis of benefits and challenges in a systematic literature review. Welch, M. (2015). Internal communication education: A historical study. 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