A LIDERANÇA DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA À LUZ DA BNCC

José Ricardo Mole • 21 de agosto de 2025

1. Introdução

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 2017 para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e em 2018 para o Ensino Médio, constitui-se em documento normativo que orienta os sistemas de ensino brasileiros quanto aos direitos e objetivos de aprendizagem essenciais para todos os estudantes. De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), a BNCC busca “assegurar a equidade e a qualidade da educação básica no país, respeitando a diversidade cultural e regional” (BRASIL, 2017, p. 8).


Neste contexto, a Coordenação Pedagógica exerce papel central como instância mediadora entre o prescrito e o realizado, articulando políticas educacionais, currículo, formação docente e acompanhamento pedagógico. Como aponta Libâneo (2018), o coordenador pedagógico é “responsável pela mediação entre as exigências do sistema de ensino e a prática pedagógica dos professores, garantindo coerência entre planejamento, execução e avaliação” (p. 122).


A liderança da coordenação pedagógica é fundamental para o bom andamento da instituição de ensino, da educação e da aprendizagem dos alunos, que é o objetivo principal e a razão de ser da escola.


2. A BNCC e a redefinição da prática pedagógica


A BNCC estabelece dez competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da Educação Básica, integrando dimensões cognitivas, socioemocionais, éticas e culturais. Para Moran (2018), a BNCC demanda “uma prática pedagógica inovadora, centrada no desenvolvimento integral do estudante e na articulação entre saberes” (p. 57).


Assim, a coordenação pedagógica, como liderança-chave, se torna fundamental para traduzir a BNCC em práticas concretas, a partir do currículo, estimulando a apropriação crítica do documento por parte dos professores e evitando tanto o reducionismo tecnicista quanto a interpretação meramente burocrática. Como reforça Sacristán (2017), o currículo não é apenas um documento prescrito, mas, é “um projeto cultural em ação, mediado pelas práticas pedagógicas e pela interpretação dos docentes” (p. 34).


3. A liderança pedagógica e a coordenação escolar


A literatura sobre liderança educacional destaca que o coordenador pedagógico não deve ser apenas um supervisor, mas um líder formativo. Luck (2020), defende que as lideranças escolares “ao assumirem as responsabilidades de seu cargo, passam a ter como inerentes a ele a responsabilidade de liderar a formação de clima e da cultura escolar ...” (p. 27) para além dos conteúdos e das práticas pedagógicas.

No caso da BNCC, isso implica:


  1. Articulação curricular: orientar a elaboração de planos de ensino que contemplem as habilidades e competências previstas, garantindo a coerência com o Projeto Político-Pedagógico (PPP).
  2. Formação continuada: organizar processos formativos permanentes que promovam o estudo da BNCC, incentivando metodologias ativas e avaliação formativa.
  3. Acompanhamento pedagógico: desenvolver mecanismos de monitoramento e análise de evidências de aprendizagem, com base nos descritores da BNCC e nas metas do Plano Nacional de Educação (PNE).
  4. Gestão participativa: criar espaços coletivos de decisão, valorizando a escuta dos professores e a corresponsabilidade.


Essa liderança demanda não apenas competências técnicas, mas, também relacionais e éticas. Como enfatiza Libâneo (2018), “a formação continuada consiste em ações de formação dentro da jornada de trabalho e fora da jornada de trabalho (eventos, congressos etc). Ela se faz por meio de estudo, da reflexão, da discussão e da confrontação das experiências dos professores”, o que reforça o papel mediador do coordenador pedagógico.


4. Competências da BNCC como referência para a liderança


As competências gerais da BNCC, como pensamento científico, argumentação, empatia, cooperação e responsabilidade, devem também orientar a atuação da coordenação pedagógica. O coordenador, ao liderar professores e articular práticas, precisa ser exemplo da cultura de colaboração, inovação e ética que a BNCC propõe.


Paro (2018) destaca que a liderança pedagógica deve estar vinculada à capacidade de “construir dispositivos de regulação das aprendizagens, que permitam identificar dificuldades e ajustar intervenções” (p. 65). Ou seja, cabe à coordenação fomentar práticas de avaliação diagnóstica e formativa, em consonância com os princípios da BNCC.


5. Desafios e possibilidades


Entre os principais desafios da implementação da BNCC sob a liderança do coordenador pedagógico estão:


  • Resistências docentes diante de mudanças curriculares
  • Sobrecarga administrativa, que pode reduzir o tempo destinado ao acompanhamento pedagógico
  • Diversidade de contextos escolares, que exige adaptações locais do currículo.


Contudo, tais desafios podem ser transformados em possibilidades por meio de uma liderança colaborativa. Libâneo (2018) afirma que “a participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomadas de decisões e no funcionamento da organização escolar” (p. 88).


Nesse sentido, a coordenação pedagógica deve ser vista como liderança estratégica: orienta, apoia e inspira professores, garantindo que a BNCC se torne efetivamente um instrumento de promoção da equidade e da qualidade educacional.


6. Considerações finais

Na perspectiva da BNCC, a coordenação pedagógica exerce uma liderança transformadora, pois, sua ação articula dimensões curriculares, formativas e avaliativas, garantindo que as competências gerais da BNCC sejam traduzidas em práticas pedagógicas inovadoras e significativas.


Ao promover formação continuada, acompanhamento reflexivo e gestão participativa, o coordenador pedagógico fortalece o projeto pedagógico e assegura que a BNCC cumpra sua função de orientar uma formação integral, crítica e cidadã.


Como conclui Libâneo (2018), o coordenador pedagógico, quando assume seu papel de liderança de forma consciente e participativa, se torna “um agente de transformação da cultura escolar, mediando políticas públicas, demandas docentes e necessidades dos estudantes” (p. 129).


7. Referências


BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CNE, 2017.


LUCK, H. Gestão da Cultura e do Clima Organizacional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2020.


MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. São Paulo: Papirus, 2018.


PARO, V. H. Administração Escolar: introdução crítica. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2018.

Texto sobre José Ricardo Mole, acompanhado de um desenho de um lápis esboçando uma linha.
Cabeças humanas e de robôs com cérebro, conectadas por circuitos; símbolos de nuvem, rede global e chip.
Por José Ricardo Mole 7 de setembro de 2025
1. Entre o real e o virtual a realidade é uma só Cada vez mais, o mundo em que vivemos torna-se complexo . A Revolução Tecnológica, a Indústria 4.0, a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial transformaram nosso modo de pensar e de fazer. Da liquidez ao metaverso, a sociedade tornou-se demasiadamente incompreensível , já que é quase impossível assimilá-la devido à rapidez das suas mudanças. As ideias de "realidade real" e "realidade virtual", do filósofo francês Pierre Lévy, tornaram-se uma só realidade, tendo em vista que a virtualização do ambiente de trabalho , impulsionada pela pandemia, mas, não só por ela, veio para ficar e, daqui para frente, tornar-se-á mais comum. Na verdade, entre o real e o virtual, a realidade é tridimensional: conectada, complexa e fluida . Por isso, a maneira de pensar e de fazer as coisas também mudou. 2. Pensamento crítico como inspiração para a inovação Nesta realidade conectada, complexa e fluida, uma das competências fundamentais é o pensamento crítico. Conseguir enxergar a realidade para além da aparência é uma competência que faz toda a diferença num contexto onde o foco é ofuscado pelas inúmeras distrações e as mudanças que acontecem numa velocidade milionésima. "O pensamento crítico favorece uma leitura da realidade para além do que se vê". Além de possibilitar a capacidade de resolução de problemas complexos, o pensamento crítico favorece uma leitura da realidade para além do que se vê. A análise do contexto, do lugar de onde se fala e de onde se escuta são elementos essenciais para captar possibilidades onde a maioria dos mortais não captaria. Esta sensibilidade de captar possibilidades aumenta e muito a capacidade de inovação. A inovação começa pela atitude de análise crítica do contexto em que atuamos e que desejamos transformar. Inovar não significa somente pensar em criar coisas que ainda não existem como grande novidade. Isso também, mas, não só. Inovar também está relacionado à capacidade de criar novas maneiras de fazer as coisas que já são realizadas, superando o "sempre foi assim". Criar novos processos e fluxos que vão agilizar as entregas e melhorar os resultados é também inovar. Pensar em instrumentos e ferramentas que possibilitem maior gerenciamento de dados e de serviços é inovação. Hoje os dados estão para todos os lados. As informações estão muito mais disponíveis. Porém, para quem não sabe usar de maneira estratégica os dados que tem disponível, avaliando criticamente as informações, de nada adianta tê-las disponíveis. Para quem pensa de maneira crítica, dados são informações preciosas que se transformam em estratégias, que guiam o caminho a seguir, dando um norte para as ações em curto e médio prazos. Longo prazo, por sua vez, não existe mais, pois, o mundo já terá mudado totalmente em pouco tempo. 3. Superar o "sempre foi assim" é muito mais do que "pensar fora da caixinha" Não se inova, porém, sem pensar criticamente. O "sempre foi assim" é o maior obstáculo para a inovação e a principal característica de quem não pensa criticamente. "Na maioria das vezes, uma grande ideia surge de um problema concreto, fruto de soluções ou de ferramentas que no tempo em que foram criadas eram inovadoras". or outro lado, pensar criticamente exige estudo, foco e disciplina . Muita gente pensa que inovação é sinônimo de "pensar fora da caixinha", isto é, fugir do habitual e seguir por caminhos totalmente novos. Isso pode acontecer. Porém, na maioria das vezes, uma grande ideia surge de um problema concreto, fruto de soluções ou de ferramentas que no tempo em que foram criadas eram inovadoras. A chance de inovarmos pode estar bem na nossa frente, no nosso time, no nosso jeito de fazer essa ou aquela tarefa simples, mas, se não desenvolvermos o pensamento crítico, não enxergaremos para além das aparências e vamos continuar a fazer tudo do mesmo jeito, afinal, "sempre foi assim". ‍4. Referências DRUCKER. Peter F. I novação e Espírito Empreendedor: práticas e princípios. São Paulo: Cengage, 2022. 383p. CHRISTENSEN, Clayton M. O Dilema da Inovação. São Paulo: M. Books, 2012. 120p. LÉVY, Pierre. O que é o virtual ?. São Paulo: 34, 1996. 157 p.
Pessoa com um relógio na cabeça e braços cruzados, vestindo uma camisa jeans, em pé na frente de um fundo cinza.
Por José Ricardo Mole 4 de setembro de 2025
1. INTRODUÇÃO A pressão por “fazer mais em menos tempo” convive com calendários saturados e ambientes digitais hiperestimulantes. A evidência indica que, na prática, “acelerar” via multitarefa derruba a qualidade cognitiva do trabalho: quem alterna demais de foco filtra pior distrações, carrega mais “resíduos atencionais” e comete mais erros. Para escolas, isso se traduz em docentes e equipes administrativas que trabalham mais horas, mas não necessariamente entregam melhor, porque as condições de foco foram minadas. Do ponto de vista neurológico e comportamental, trocar de tarefa exige “reconfiguração” de metas e regras mentais, processo com custo de tempo e energia; esse custo cresce quando as tarefas competem por recursos cognitivos similares. Em outras palavras: toda interrupção cobra pedágio cognitivo. Em gestão escolar, isso se agrava por agendas fragmentadas (aulas, conselhos, atendimentos, plataformas). 2. COMO A ANSIEDADE E O BURNOUT SURGEM DO DESCONTROLE DO TEMPO A OMS classifica o Burnout como fenômeno ocupacional decorrente de estresse crônico não gerenciado, com exaustão, distanciamento mental do trabalho e queda de eficácia profissional, um quadro frequente em educação sob alta carga e pouco controle sobre o tempo. Ambientes com alta interrupção e prazos comprimidos elevam estresse e pioram sono e humor. Para líderes, a lógica é estratégica: controle de agenda = controle de risco . Equipes com rituais de foco, pausas e fronteiras digitais apresentam menor estresse e melhor satisfação, condição necessária para resultados pedagógicos sustentáveis e retenção de talentos docentes. 3. IMPACTO DA GESTÃO DO TEMPO NA SAÚDE MENTAL 3.1. Estresse crônico: causas e sintomas Estresse crônico nasce quando demandas superam recursos (tempo, autonomia, suporte) e quando o trabalho é conduzido sob interrupção contínua. Sinais típicos: irritabilidade, ruminação, insônia, lapsos de atenção. Estudos em “trabalho do conhecimento” mostram que interrupções elevam velocidade com mais estresse , mas degradam a qualidade do output e a consistência do foco. Em educação, “pressa sem foco” tende a gerar retrabalho, decisões reativas e desgaste cumulativo, uma espiral cara para a instituição e para as pessoas. Diagnosticar e remover fontes de interrupção é, portanto, medida de saúde organizacional. 3.2. Benefícios psicológicos do planejamento consciente Revisões de literatura indicam que comportamentos de gestão do tempo se associam a maior controle percebido , satisfação e menos estresse . Programas de treinamento em gestão do tempo elevam organização e autoeficácia e podem reduzir ansiedade, ainda que os efeitos em desempenho “duro” variem conforme o desenho do trabalho. Para escolas, o ganho prático é criar previsibilidade e “datas de decisão” que estabilizam o dia a dia. No nível individual, listas breves por prioridade, janelas sem reunião para tarefas cognitivas profundas e revisão semanal com trade-offs explícitos combinam ciência da atenção com realismo operacional. 3.3. Rotina estruturada e bem-estar em educação Entre professores, mindfulness e práticas de regulação atencional em programas dedicados (p. ex., CARE) reduziram estresse e Burnout em ensaios randomizados, com efeitos também em humor no trabalho, sono e clima socioemocional de sala. Tais intervenções funcionam melhor quando acopladas a mudanças de agenda (menos interrupção, mais foco). Há também ganhos fisiológicos quando se contém e-mails e picos de notificações: ao cortar e-mail por alguns dias ou reduzir sua frequência, colaboradores exibiram menores níveis de estresse (variabilidade da frequência cardíaca), além de relatar maior foco, dado com implicações diretas para a rotina escolar digital. 4. A FALÁCIA DA MULTITAREFA 4.1. Origem do mito A crença de que “fazer tudo ao mesmo tempo” é eficiente nasce de duas ilhas de verdade: (a) tarefas automáticas podem coexistir (andar e conversar), e (b) alternar rápido parece ser produtividade. A literatura cognitiva, porém, demonstra que atividades que exigem controle executivo competem entre si, e alternar custa. Em escolas, isso se manifesta em docentes tentando corrigir avaliações, responder mensagens e preparar aula simultaneamente, com piora mensurável de atenção. 4.2. O custo da troca constante de foco Clássicos da psicologia experimental mostram que task switching envolve etapas de “mudança de meta” e “ativação de regra”, cada qual com latências que somam atraso e erros; esse custo não some com prática. A “resíduo atencional” persiste após cada troca, reduzindo a plena presença na nova tarefa. Para o ensino, isso significa que janelas de foco indiviso para planejamento e correção são mais produtivas do que “picotar” o tempo. 4.3. Evidências sobre queda de desempenho e aumento de erros Multitarefadores pesados em mídia tendem a filtrar pior distrações e a ter menor controle executivo, embora réplicas mostrem resultados mistos, o que reforça que o contexto organizacional (interrupções, regras de agenda) é peça-chave. Na prática, reduzir pontos de distração melhora qualidade do trabalho cognitivo em qualquer cenário. 5. TÉCNICAS PRÁTICAS E FERRAMENTAS 5.1. Time blocking: reservando blocos de atenção Adote “horas protegidas” (90–120 min) para tarefas de alta complexidade (planejamento de aula, análise de dados pedagógicos), sem reuniões nem notificações. Crie um calendário de foco institucional (ex.: terças/qui, 9h–11h) e ajuste o fluxo de demandas para respeitar esses blocos. A literatura sustenta que minimizar interrupções preserva recursos cognitivos e reduz estresse. 5.2. Pomodoro adaptado à saúde mental Use ciclos de 25–50 min de foco + 5–10 min de pausa, com pausas ativas (respiração, alongamento breve) e uma pausa maior a cada 3–4 ciclos. O alvo não é “ritualizar a técnica”, e sim treinar variabilida e esforço e recuperação, o que mantém energia ao longo da jornada escolar. Evidências de intervenções com docentes sugerem que combinar foco e regulação atencional reduz estresse e melhora sono. 5.3. Higiene digital: mindfulness e bloqueio de distrações Para indivíduos, headspace (meditação guiada) apresentou redução de estresse em ensaios controlados; para equipes, políticas que limitam janelas de e-mail/WhatsApp e o uso de bloqueadores (p. ex., freedom) em janelas de foco aumentam atenção e reduzem pressão subjetiva. O ponto é padronizar regras simples e mensuráveis para todo o corpo escolar. 6. ESTUDOS DE CASO E EXEMPLOS REAIS 6.1. Rede pública (EUA): programa CARE para docentes Um ensaio cluster randomizado com 32 escolas públicas de educação básica avaliou o programa CARE (Cultivating Awareness and Resilience in Education). Resultados: redução de estresse e burnout, melhora de clima socioemocional e de indicadores de sono e humor em docentes que receberam a intervenção. Para redes de ensino, isso mostra que treinamento + rotina vence o improviso. 6.2. Trabalho sem e-mail contínuo: menos estresse fisiológico Estudos em ambientes reais reduziram ou cortaram e-mail por curtos períodos; a variabilidade da frequência cardíaca indicou menor estresse e os participantes relataram maior foco. Escolas podem traduzir isso em duas janelas diárias para e-mail e canais assíncronos de plantão, em vez de “atenção permanente”. 7. RECOMENDAÇÕES PARA LÍDERES E EQUIPES 7.1. Cultura de foco coletivo Defina janelas institucionais de foco sem reuniões (p. ex., 2 manhãs/semana) e compacte reuniões em slots curtos com pauta e decisão clara. Padronize “etiqueta digital” (prazos padrão, respostas não imediatas fora de urgências, batching de e-mails). Expectativas claras reduzem conflito e estresse. 7.2. Espaços de descompressão e recuperação Organize pausas ativas (5–10 min a cada 60–90 min) e crie espaços físicos/virtuais de recuperação breve. Evidências em docentes indicam que intervenções de regulação atencional e sono/recuperação melhoram humor e reduzem estresse. 7.3. Treinamentos e rodas de conversa Implemente trilhas anuais de gestão emocional do tempo (combinação de técnica + regulação atencional), inspiradas em modelos como CARE, com aferição de indicadores (estresse percebido, sono, absenteísmo, intenção de desligamento). Conectar treinamento a políticas de agenda garante perenidade e ROI. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS A evidência é consistente: menos multitarefa, mais foco estruturado e higiene digital reduzem estresse e sustentam produtividade. Em educação, isso se traduz em docentes com energia, equipes administrativas mais assertivas e clima escolar mais estável. O passo seguinte é pilotar : escolha 2–3 medidas (ex.: janelas de foco, e-mail em batch, pausas ativas + módulo CARE-like), defina indicadores e rode ciclos de 8–12 semanas. Estabeleça uma semana-cobaia com reuniões compactadas e dois blocos institucionais de foco; meça estresse (escala curta), qualidade do sono e avanço de entregas. Compartilhe os resultados internamente e escale o que funcionar. A experiência prática combinada com essas boas evidências é o melhor antídoto contra o mito da multitarefa. 8. REFERÊNCIAS BARBOSA, Christian. A tríade do tempo: família, trabalho, vida. São Paulo: Buzz Editora, 2018. COSENZA, Ramon M. Neurociências e mindfulness: meditação, equilíbrio emocional e redução do estresse. Porto Alegre: Artmed, 2021. OLIVER, Burkeman. Quatro Mil Semanas: gestão do tempo para mortais. Rio de Janeiro: Objetiva NEWPORT, Cal. Trabalho focado - como ter sucesso em um mundo distraído: um modelo comprovado para organizar sua vida e aumentar sua produtividade e seu equilíbrio. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018. TONELLI, Guido. Tempo: o sonho de matar o Chronos. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.